Bem-vindos a mais uma Recomendação da Semana, a coluna na qual recomendamos livros, HQs, filmes, séries e álbuns que achamos interessantes. Hoje falarei sobre uma excelente história de Espada e Feitiçaria, que traz interessantes novos elementos para o gênero, escrita por um dos maiores autores britânicos de todos os tempos e desenhada por um verdadeiro gênio da nona arte. A recomendação de hoje é Sláine – O Deus Guerreiro, escrito por Pat Mills e desenhada por Simon Bisley.
Pat Mills é reconhecido como um dos mais importantes roteiristas britânicos de todos os tempos, pois além de ser um escritor de excelente qualidade, sendo responsável por obras como Marshal Law, Requiem e ABC Warriors, também é um dos criadores da 2000AD, a mais importante publicação de quadrinhos da Inglaterra, responsável por revelar nomes como Alan Moore, Neil Gaiman, Grant Morrison e Mark Millar. Foi nesta revista, no ano de 1983, que ele criou Sláine, um bárbaro que misturava a mitologia celta com o trabalho feito por Robert E. Howard em Conan, mas com elementos que fugiam um pouco dos estereótipos dessas histórias. Em 1986 Mills se une ao até então artista iniciante, Simon Bisley, para produzir aquela que provavelmente é a maior história do personagem.
Em O Deus Guerreiro acompanhamos a jornada de Sláine tentando unificar os reinos de Tir-Nan-Og para, utilizando as armas místicas desses reinos, enfrentar uma guerra contra o Lorde Slough Feg, o antigo Deus Guerreiro que deseja trazer morte e destruição ao mundo. A história, repleta de violência e certas doses de erotismo e reflexão, é narrada no futuro pelo anão Ukko, que foi companheiro de batalha de Sláine, mas que guarda certa mágoa do guerreiro celta.
Pat Mills prova que é um grande roteirista ao construir um mundo riquíssimo, com uma mitologia própria muito interessante e personagens cativantes. O nível da pesquisa que ele fez para construir essa história é absurda, pois é visível como o autor se aprofundou na mitologia britânica (isso fica ainda mais evidente se você leu os livros de Bernard Cornwell, pois perceberá diversas influências que ambos autores utilizaram), e como seu roteiro é bem estruturado ao incluir essas pesquisas de maneira orgânica na história. Outro ponto que demonstra a habilidade do autor é a maneira como ele subverte aspectos tradicionais do gênero Espada e Feitiçaria, principalmente no que tange à figura feminina. Sláine é fruto de uma sociedade matriarcal, o que o torna um personagem que devota a figura feminina e trata as mulheres em pé de igualdade, podendo ser chamado de “Bárbaro feminista”. O personagem também é muito mais altruísta que arquétipos semelhantes, como Conan, por exemplo, o que tornam seus objetivos muito mais complexos do que é usual para esse tipo de história.
A arte de Simon Bisley é um show à parte. O desenhista mistura diversas influências, a qual a mais evidente é Richard Corben, para construir quadros que são verdadeiras obras de arte. A diagramação utilizada é bastante inventiva e as cores são precisamente escolhidas para trazer o clima pesado à história, com toda a violência saltando das páginas. É um trabalho profundamente impactante.
A edição da editora Mythos possui capa dura, papel de boa qualidade e extras bem interessantes, nos quais Pat Mills fala um pouco sobre a concepção da obra. A editora merece elogios por sempre estar tentando trazer materiais europeus interessantes, sendo a única que dá a importância merecido às publicações britânicas.
Sláine – O Deus Guerreiro é recomendado para qualquer leitor que seja fã de fantasia e que procure uma perspectiva diferente sobre o gênero. Ao terminar a leitura você ficará sedento por novas histórias do personagem, então vamos incentivar a editora a trazer mais publicações como esta.
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Ficha Técnica
Editora : Mythos
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 212
Preço: R$79,90
Onde encontrar: Livrarias e lojas especializadas
Lucas Araújo
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