Cristophe Chabouté é um dos meus quadrinistas favoritos, sem sombra de dúvida. Desde que li sua magnífica adaptação de Moby Dick, publicada há alguns anos, me apaixonei por seu traço e sua maneira de contar histórias. Todo ano seus trabalhos lançados por aqui constam em minha lista de melhores leituras do respectivo ano. No caso de Solitário, seu mais recente lançamento no Brasil, a tradição não será quebrada.
A sinopse da obra é relativamente simples, mas bastante intrigante: Em um farol localizado numa ilhota isolada do resto do mundo, um eremita experimenta uma vida rodeada de solidão. Morador do lugar desde que nasceu, há 50 anos, ele nunca viu o mundo exterior e somente o imagina através das palavras que lê em um dicionário. Eis que um marinheiro novato começa a trabalhar no barco que leva provisões toda a semana ao Solitário e começa a se questionar quem é este homem e por que ele se esconde no farol. Com base nessa curiosidade, uma pequena atitude será a responsável por iniciar uma série de eventos que mudarão a vida de Solitário para sempre.
Chabouté é hábil em construir um roteiro que vai crescendo aos poucos, apresentando a vida de solitário e sua conformidade com a situação, mas a cada virada de página o personagem vai se questionando e querendo conhecer o mundo que existe fora de seu farol. Desde palavras aleatórias de um dicionário, que casam de maneira muito interessante à trama, até um conjunto de fotos, tudo isso vai instigando Solitário. E são necessários poucos diálogos para que o artista desenvolva os personagens e conduza a trama.
Aliás, são necessários poucos diálogos porque Chabouté é um gênio da narrativa e das expressões, dizendo muito apenas com quadros com enquadramentos introspectivos, a expressão de personagens ao reagirem à certas situações e nas materializações dos pensamentos do protagonista. Sério, a forma como ele representa os pensamentos de Solitário sobre coisas que ele conhece apenas pela definição do dicionário é ao mesmo tempo divertida e singelo, esbanjando sensibilidade e inocência. Você rapidamente se afeiçoa ao personagem e à sua jornada de descobrimento e libertação.
A editora Pipoca e Nanquim mais uma vez apresenta um belo acabamento gráfico, com uma edição em capa dura e papel de ótima qualidade, além de um excelente tratamento editorial. Sempre elogiarei a editora por ter apresentado Chabouté para o público brasileiro e fico feliz com a promessa deles de publicar ao menos um título do autor por ano, já estou ansioso pelos próximos.
Solitário é uma obra sensível e cativante, um exemplo de como Chabouté consegue transformar premissas simples em verdadeiras obras-primas. Um quadrinho para ler e contemplar, com certeza constará em diversas listas de melhores leituras deste ano. Indispensável na sua estante.
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Ficha técnica
Editora : Pipoca e Nanquim
Ano de lançamento: 2019
Páginas: 380
Preço: R$ 79,90
Lucas Araújo
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