Choques Futuristas – Moore em início de carreira!

Quem acompanha o site há algum tempo, deve saber que Alan Moore é meu autor de quadrinhos favoritos. O autor inglês revolucionou a mídia algumas vezes produzindo obras paradigmáticas como Watchmen, Miracleman, V de Vingança, Do Inferno, entre outras. Curiosamente, há poucos textos sobre obras do Moore aqui no Justiça Geek (somente dois, para ser exato) e vou tentar mudar isso a partir de agora, trazendo cada vez mais obras dele por aqui. E nada melhor do que começar esse processo falando sobre uma compilação de alguns de seus primeiros trabalhos, quando ele ainda publicava na Inglaterra e não era o autor aclamado que se tornou posteriormente. Estou falando sobre Choques Futuristas, compilação lançada pela editora Mythos de histórias originalmente publicadas na tradicional revista 2000 AD e ilustradas por John Higgins, Dave Gibbons, Alan Davis, Brendan McCarthy, Steve Dillon, Eric Bradbury, Jose Casanovas, John Cooper, Jim Eldridge, Ian Gibson, Alan Langford, Garry Leach, Paul Neary, Jesus Redondo, Robin Smith, Bryan Talbot, Ron Tiner, Mike White e Boluda.

Neste quadrinho, Moore apresenta histórias curtas de terror e ficção científica repletas de humor ácido tipicamente inglês e de críticas sociais que continuam muito atuais, embora as histórias tenham sido originalmente publicadas no início dos anos 80. Uma oportunidade para os fãs conhecerem o início da carreira do autor.

Você já deve ter ouvido milhões de vezes sobre como o trabalho de Moore influenciou a indústria de quadrinhos, principalmente a dos EUA, e como ele revolucionou a mídia não só em abordagem de temas poucos vistos antes como na utilização de técnicas narrativas incomuns. O interessante de se analisar seus primeiros trabalhos é que podemos ver como já no início o autor buscava fazer experimentações com a mídia mesmo em histórias de seis páginas. Como exemplo, veja como na história Cronocanas Moore apresenta uma grande sofisticação narrativa, apresentando já no início um panorama geral da história, mas adicionando camadas a cada transição entre os quadros. É uma daquelas coisas que, quando você lê, descobre algo novo que pode ser feito em quadrinhos.

Além disso, Moore tem fama de ser rabugento devido às suas entrevistas, principalmente as mais recentes, mas aqui é possível ver como ele é muito bem humorado, algo que é perceptível em outros trabalhos como Maxwell – O Gato Mágico. Ele sabe como fazer críticas precisas sobre a sociedade de forma bastante descontraída e irônica ao mesmo tempo em que as apresenta através de histórias mirabolantes sobre viagens no tempo, invasões alienígenas e brigas de robô. Tudo isso acompanhado de grandes artistas, alguns com os quais posteriormente Moore estabeleceu parcerias de sucesso, como Dave Gibbons e Garry Leach.

Com todos esses elogios, você deve estar pensando que Choques Futuristas é uma obra completamente genial, certo? Bom, nem tanto. Como qualquer antologia, algumas histórias se destacam mais do que outras e em alguns momentos Moore parece pouco inspirado, apresentando histórias que deixam a leitura um pouco morosa. É compreensível, já que era seu início de carreira e ele estava experimentando muito sem nenhuma pretensão de que essas histórias se tornassem algum tipo de clássico.

A editora Mythos fez um ótimo trabalho ao compilar essas histórias e apresenta-las ao leitor brasileiro com um bom acabamento gráfico, com capa dura, papel de boa qualidade e um bom tratamento editorial. Entretanto, há alguns deslizes na tradução, visto que em alguns momentos há a tentativa de localizar algumas piadas para o contexto brasileiro, o que acaba quebrando o ritmo de leitura. Particularmente, prefiro que se mantenha o original e se insira alguma nota que contextualize a situação.

Choques Futuristas é uma boa oportunidade para quem quer conhecer os primeiros trabalhos de Alan Moore e descobrir de onde vieram certas sacadas que ele utilizou em suas obras mais famosas, visto que o próprio já declarou em entrevistas o quão importante foi para ele ter produzido histórias curtas antes de se enveredar por narrativas mais longas. Quando se trata do Mago de Nothampton, raramente o leitor se decepciona com o que encontra.

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Ficha técnica

Editora: Mythos
Tradução: Pedro Bouça
Ano de lançamento: 2016
Páginas: 220
Preço: R$79,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.