A Fabulosa X-Force – Uma das melhores revistas mutantes do século XXI!

Histórias de super-heróis que fogem da simples dualidade entre bem e mal e que exploram os tons de cinza que esses personagens podem ter não são novidade. Desde a desconstrução feita por Alan Moore em Miracleman e Watchmen e Frank Miller em Batman-Cavaleiro das Trevas nos anos 80, passando pelas séries da Image nos anos 90 e por Authority, de Warren Ellis e Mark Millar (que também fez a série Supremos com a mesma pegada na mesma época), vemos como autores, alguns com mais habilidades que outros, podem explorar dilemas morais enfrentados por seres super-poderosos, muitas vezes inserindo-os em situações muito presentes no nosso mundo. É isso que Rick Remender fez em sua fase na revista da X-Force, equipe composta por Wolverine, Anjo, Psylocke, Deadpool e Fantomex, ao lado de uma variada equipe de artistas que tem como destaques nomes como Jerome Opeña, Esad Ribic, Rafael Albuquerque, Greg Tocchini e Phil Noto.

Quando surge uma missão na qual os limites que os X-Men podem atingir, entra em ação a X-Force, equipe mutante que age nas sombras e não se apega às determinações morais da equipe concebida por Charles Xavier. Logo em sua primeira missão, a equipe terá que lidar com as consequências que o assassinato de um grande inimigo dos mutantes renascido irá causar ao mundo.

Remender é hábil ao inserir os debates morais na trama já que, mesmo que a equipe realize diversas ações muito questionáveis como assassinatos, nada disso é feito de forma “massavéio”. Cada morte causada pela equipe tem consequências, tanto nos personagens quanto ao redor deles, nas suas relações uns com os outros e com membros externos à equipe e é  interessante ver como o autor utiliza essas consequências para interligar as tramas e manter a história contínua. Embora a X-Force seja uma equipe que faz o que os X-Men não podem fazer, o autor não transforma a morte em banalidade.

Por falar nos personagens, cada um deles é bem desenvolvido, já que o autor tem o cuidado de dar o foco para cada membro da equipe conforme a necessidade surge, dando a oportunidade do leitor ler os pensamentos deles e perceber como eles enxergam cada situação e seu papel na X-Force. Isso traz ainda mais profundidade para as histórias.

Um outro ponto de destaque é a forma como Remender demonstra ser um grande fã dos mutantes, prestando homenagens a histórias famosas como Era do Apocalipse e Dias de Um Futuro Esquecido, mas também a fases mais obscuras como as histórias da Excalibur escritas por Chris Claremont. Embora seja uma série que novos leitores podem apreciar com tranquilidade sem conhecimento prévio, é possível dizer que quanto mais você conhecer da cronologia mutante, mais divertida as histórias se tornam.

A equipe artística é bastante competente e, embora sofra com a alta rotatividade tão característica das revistas mensais de super-heróis (ainda mais se tratando de uma série menor como esta), o nível não cai em nenhum momento. É legal ver os brasileiros Rafael Albuquerque e Greg Tocchini participando de uma ótima série como essa e é importante destacar que o trabalho do croata Esad Ribic nas capas é um belo acréscimo para a revista.

Embora tenha muitos destaques, ao mesmo tempo que se aproveita das características de uma revista mensal aproveitando o tempo para desenvolver melhor os personagens, a série também sofre com aspectos inerentes a esse modelo de publicação. Remender dá algumas empacadas ao longo da fase que podem cansar um pouco a leitura. O principal ponto disso é o arco do Extramundo, que visivelmente se alonga mais que o necessário e é o que mais exige conhecimento prévio do leitor para melhor compreensão.

Embora não seja um grande fã do formato omnibus, com seu preço alto e a leitura um pouco desconfortável, admito que é um estilo de publicação que permite que séries  possam ser publicadas de forma completa ou em poucos volumes, sem risco de cancelamento. A publicação da Panini segue o mesmo padrão dos omnibus anteriores, em capa dura com sobrecapa,  papel couché e apresenta um tratamento editorial competente, embora tenha encontrado alguns errinhos de revisão (a maioria erro de digitação, que não chegam a uma dezena). Há Extras muito interessantes, com destaque para o Wolverine narrando  a formação da equipe e uma entrevista com Remender feita durante a série, na qual ele fala sobre suas inspirações, sagas mutantes favoritas e o que planejava para os personagens.

A X-Force de Rick Remender é um quadrinho de super-heróis bem feito, com personagens apresentando motivações, conflitos internos e tons de cinza, que muitas vezes podem tornar muito sutis as diferenças entre heróis e vilões. Se você é fã dos mutantes ou simplesmente quer apreciar uma história do gênero que foge um pouco do padrão, esse é um dos quadrinhos mais legais publicados pela Marvel neste século.

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Ficha técnica

Editora: Panini
Tradução: Mario Luiz C. Barroso e Eugênio Simão
Ano de lançamento: 2022
Páginas: 928
Preço: R$374,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.