Pulp – O conflito entre eras!

Ed Brubaker é muito conhecido entre os leitores brasileiros por seu trabalho envolvendo quadrinhos de super-heróis, sendo os mais famosos Capitão América, Demolidor, Batman e a incrível série Gotham DPGC ao lado de Greg Rucka. Entretanto, seus trabalhos autorais são muito elogiados no mercado norte-americano, tendo angariado diversos prêmios nos últimos anos. A editora Mino promete trazer todos esses trabalhos para o Brasil, iniciando a publicação deles com Pulp, quadrinho de Brubaker ao lado de seu fiel parceiro Sean Phillips na arte e com cores de Jacob Phillips.

O quadrinho conta a história de Max Winters, um escritor pulp na Nova York dos anos 1930, que se vê atraído por uma história não muito diferente dos contos que ele produz a 5 centavos por palavra – contos de um fora da lei do oeste selvagem que faz justiça com seu revólver. Mas será que Max vai ser capaz de fazer o mesmo, quando perseguido por ladrões de banco, espiões nazistas e inimigos de seu passado? Parte thriller, parte meditação sobre uma vida de violência, PULP é diferente de tudo que a premiada dupla já fez. Uma celebração à ficção popular, ambientada em um mundo à beira do precipício.

É interessante a forma como o roteiro de Brubaker consegue cruzar eras que parecem muito diferentes, mas que são divididas por poucos anos entre si. Imaginar que um cowboy estilo Clint Eastwood estaria vivo dos anos 30 vendendo histórias pulp em meio a ascensão do nazismo parece fantasioso, mas o autor brilha em trazer um realismo pungente à essa premissa com toda sua habilidade em apresentar tramas urbanas como vimos em seus trabalhos anteriores. Os personagens são bem construídos, os diálogos afiados e a história prende o leitor pelo aspecto humano, pela proximidade entre os objetivos do protagonista e os objetivos que traçamos para nossas próprias vidas. Também é legal perceber como Brubaker consegue fazer tudo isso e ainda brincar com a narrativa ao inserir o protagonista em uma trama muito semelhante as que ele e muitos outros autores narram, no que conhecemos como histórias pulp (o que fecha uma espécie de circulo com o título do quadrinho), e demonstrar como um anti herói do faroeste reagiria à ascensão do fascismo.

Sean Philips é um grande artista e em perfeita sintonia com Brubaker consegue transmitir em imagens o que o roteirista pensou. Phillips brinca com a narrativa, ao equilibrar momentos mais calmos com grandes cenas de ação no estilo das grandes histórias de western e delinear muito bem as cenas que se passam no passado e as que se passam no presente. Todo esse trabalho é coroado pelas ótimas cores de Jacob Phillips, que sabe alternar entre paletas diferentes para ajudar os autores a contarem sua história.

A editora Mino traz a publicação em capa dura, papel couché de boa gramatura, sem extras. O trabalho editorial é competente, mas acho que ficou faltando uma biografia dos autores, mesmo que eles já sejam velhos conhecidos do público brasileiro. A editora merece elogios por ter apostado nos trabalhos autorais de Brubaker e Phillips e por estar cumprindo sua promessa de trazer todos os trabalhos da dupla para o Brasil. Os leitores brasileiros estavam precisando disso.

Pulp é um dos melhores lançamentos deste ano e um dos melhores trabalhos de Ed Brubaker e Sean Phillips. Uma história que fala sobre histórias e que se utiliza dos quadrinhos para contá-la de forma inventiva e intrigante. Leitura mais do que recomendada.

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Ficha técnica

Editora: Mino
Tradução: Dandara Palankof
Ano de lançamento: 2021
Páginas: 80
Preço: R$69,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.