O Novo Preço da Desonra: Shin Kubidai Hikiukenin – O retorno de Hiroshi Hirata ao seu tomador de promissórias!

Se você se interessa por quadrinhos com histórias de samurai, com certeza já deve ter ouvido o nome de Hiroshi Hirata. O autor japonês é um dos expoentes criadores de tramas desse tipo, fazendo um trabalho de desconstrução da figura desses lendários guerreiros, trazendo seus aspectos humanos mais a tona e demonstrando como em muitos momentos eles se distanciaram da idealizada figura heróica que vemos em algumas retratações. 

Em O Novo Preço da Desonra, o autor retorna ao seu mais famoso personagem, o Kubidai Hanshiro, para novamente retratar os percalços enfrentados pelos Samurais que se utilizaram de promissórias de vida para sobreviverem no campo de batalha sob a perspectiva do habilidoso guerreiro que atuava como responsável por fazer a cobrança dessas dívidas.

Hirata é um mestre na desconstrução da figura dos samurais, como é perceptível em seus trabalhos anteriores publicados por aqui. O autor sempre procura mostrar como essas figuras não eram os bastiões da honra que pareciam ser, mas guerreiros que poderiam se sujeitar aos mais baixos subterfúgios para manter a vida, seja desonrando uma promessa, assassinando diversas pessoas que julgavam inferiores para apagar seus rastros ou ocultando segredos devastadores. 

E isso é demonstrado através do contraste desses guerreiros com o protagonista da história, Hanshiro,um bushi de grandes habilidades com a espada guiado por um rígido código de honra que é incubido de fazer a cobrança das promissórias de vida atuando como Kubidai (conforme expliquei no texto sobre o volume anterior), e que testemunha situações nas quais ele depende em igual equivalência de suas habilidades de combate e diplomáticas. 

É interessante como nos quatro contos contidos nessa obra o autor o utilize mais como um expectador dos acontecimentos do que como um protagonista de fato, lembrando algo que autores como Eisner já fizeram. Isso traz uma maior abrangência sobre o Japão feudal, de como as pessoas viviam em uma época de guerras e guiadas por uma suposta honra que às vezes era apenas um verniz que escondia segredos obscuros.

A arte é um espetáculo, com muitos detalhes em um traço competente. Uma curiosidade é que neste trabalho Hirata se aventurou pela arte digital e é impressionante como não é perceptível isso, ele manteve a qualidade e estilo mesmo trabalhando com ferramentas bem rudimentares na época (o quadrinho foi publicado no fim dos anos 90), você só consegue perceber nas páginas coloridas, porque a colorização é bem característica dos primórdios da arte digital. O autor também demonstra seu talento narrativo tanto nas ótimas cenas de ação quanto nos momentos mais contemplativos, ele é muito bom em dar ritmo à história e manter o interesse do leitor. O apuro histórico da obra é impressionante, Hirata tem muito cuidado ao retratar paisagens, vestimentas e termos da época, cada obra sua é uma verdadeira aula de história.

A edição da Pipoca e Nanquim mantém o padrão de qualidade da editora em suas publicações, com sobrecapa, papel de qualidade e tratamento editorial bem competente. Com relação à extras, há um extenso glossário elaborado pela tradutora Drik Sada que traz a explicação de alguns termos e acontecimentos da obra, que funciona como um ótimo complemento para a experiência de leitura.

O Novo Preço da Desonra é mais uma obra de Hiroshi Hirata que busca trazer um retrato da figura dos samurais sem o contorno heróico e idealizado em que geralmente costuma-se representar nas mais diversas obras. Uma aula de história sobre o Japão Feudal e a demonstração de talento de um grande autor.

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Ficha Técnica

Editora: Pipoca e Nanquim
Tradução: Drik Sada
Ano de lançamento: 2023
Páginas: 364
Preço: R$89,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.