Guarani – A Terra Sem Mal – Uma história que não devemos esquecer!

É no mínimo curioso como em nossas aulas de história na escola pouco ficamos sabendo sobre a própria história de nosso país ou da América Latina, tendo uma educação com maior foco eurocêntrico. Em Guarani – A Terra Sem Mal, o escritor Diego Agrimbau e o artista Gabriel Ippóliti nos apresentam uma história sobre a sangrenta Guerra do Paraguai, com foco na Batalha de Acosta Ñu, confronto que envolveu exércitos argentinos, brasileiros e uruguaios contra tropas paraguaias.

Em novembro de 1968, o fotógrafo francês Pierre Duprat vai ao Paraguai em busca das jovens indígenas do povo Guarani. Sob pretexto da etnografia, suas fotos se destinam ao público parisiense ávido pelas belezas nativas, mas o exotismo e a aventura darão rapidamente lugar ao horror. Duprat presencia a sangrenta Batalha de Acosta Ñu. Mesmo sem soldados em idade de lutar, o Paraguai recusa a rendição, chegando a recrutar crianças para o front. Três mil garotos contra 20 mil soldados brasileiros, uruguaios e argentinos. O massacre dura sete horas.  Devido a esse acontecimento, até hoje o dia das crianças é celebrado no dia 16 de agosto, em memória dos pequenos soldados massacrados nessa batalha.

Diego Agrimbau, um dos mais celebrados autores argentinos da atualidade, apresenta um trabalho de profunda pesquisa histórica para relatar um dos eventos mais sanguinários da história da América Latina. Ao nos colocar nos olhos de Duprat, ele nos apresenta os horrores da guerra em grande contraste com as belezas da América do Sul. Ver como aquelas crianças inocentes foram transformados em soldados e que não houve qualquer tipo de misericórdia com elas, é de partir o coração. Além disso, é interessante a forma com a qual ele posiciona os personagens na trama de acordo com suas visões políticas, apresentando as mais diversas perspectivas sobre o confronto e deixando claro duas coisas: Não há vencedores em uma guerra e o povo latino americano deve conhecer sua história ou pode estar fadado à repeti-la.

A arte de Gabriel Ippóliti parece ter uma certa influência do estilo de Candido Portinari, mas com bastante identidade própria. O artista argentino está no mesmo nível que grandes artistas europeus da atualidade e consegue fazer um trabalho impressionante de ambientação com seu traço e narrativa, além de um belo uso das cores. Seu trabalho combina perfeitamente com a profunda pesquisa de Agrimbau, convidando o leitor por uma verdadeira viagem entre os cenários da américa latina, seja os mais urbanos, seja em meio à natureza.

A editora Comix Zone apresenta novamente um bom tratamento editorial, com capa dura e papel de qualidade, além de um trabalho muito bom de tradução e revisão. A editora merece elogios por estar atenta a esses quadrinhos que acabam escapando do radar de grandes editoras e por estar construindo um catálogo de respeito.

Guarani – A Terra Sem Mal é um quadrinho imprescindível para aqueles que buscam entender mais sobre a história da américa latina, já que compreendendo melhor nosso passado, podemos entender melhor nosso futuro. Além disso, é um tremendo trabalho artístico e com certeza aparecerá em diversas listas de melhores quadrinhos do ano. Não perca a oportunidade de apreciar essa obra.

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Ficha técnica

Editora: Comix Zone
Tradução: Thiago Ferreira
Ano de lançamento: 2021
Páginas: 128
Preço: R$84,90

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.