É seguro afirmar que o selo Graphic MSP é a iniciativa editorial mais importante dos últimos 10 anos no mercado brasileiro de quadrinhos. Liderado pelo editor Sidney Gusman (figura conhecida do mercado nacional), o selo procura reapresentar os personagens criados por Mauricio de Sousa para um público mais velho, que já não acompanha as revistas mensais da Turma da Mônica. Já foram publicadas histórias com diversos temas Ficção científica com a trilogia do Astronauta, o poder da amizade e uma bela aventura com a trilogia da Turma da Mônica, a finitude da vida Chico Bento – Arvorada etc. Porém, Jeremias – Pele, escrita por Rafael Calça e desenhada por Jefferson Costa, explora um tema que precisa ser discutido e é louvável que uma publicação de grande circulação o faça: O racismo.
Jeremias é um aluno exemplar, fã de super-heróis, possui vários amigos e vive uma vida feliz com seus pais. Ele possui grande fascinação pelo universo e por isso deseja ser um astronauta quando crescer. Tudo ia muito bem até o momento em que, durante a elaboração de um trabalho na escola, ele encara o preconceito por causa da cor de sua pele.
Pouca gente sabe, mas Jeremias foi um dos primeiros personagens criados pelo Mauricio. O personagem surgiu em 1960 como coadjuvante nas histórias do Franjinha, somente tendo sua primeira história como protagonista em 1983. Durante muito tempo sabíamos muito pouco sobre Jeremias e sua personalidade, com o único ponto marcante do personagem sendo sua boina vermelha. De certa forma isso foi benéfico para os autores dessa HQ, pois assim eles puderam adicionar elementos sobre o personagem e sua família.
Falando nos autores, o roteirista Rafael Calça é muito competente em construir uma história sensível, mas que ainda assim impacta o leitor nos momentos corretor, nos fazendo refletir sobre o preconceito. Não apenas o racismo é discutido, mas também outras formas de preconceito como o machismo. O autor colocou muito de suas próprias experiências na obra, como ficamos sabendo nos extras, e é triste vermos como esse preconceito racista irracional está presente em nossa sociedade.
Jefferson Costa possui uma arte que se relaciona perfeitamente com o roteiro, trazendo impacto quando necessário, mas também a sensibilidade necessária nas cenas que a exigem. Preste atenção no trabalho de cores dele, é muito interessante como ele as usa para transmitir os sentimentos dos personagens. Um ponto bastante curioso em sua arte é a influência de artistas japoneses, algumas cenas trazem referências que os leitores de mangá com certeza vão perceber.
Jeremias – Pele é com certeza um dos melhores lançamentos deste ano, não só pela inegável qualidade da história, mas também pela sua importância social. Precisamos de mais quadrinhos como esse, mais conscientização para que essas pessoas não sintam mais o preconceito na pele.
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Ficha Técnica
Editora : Panini
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 96 páginas
Preço: R$41,90 (capa dura) e R$ 31,90 (capa cartonada)
Onde encontrar: Bancas, livrarias e lojas especializadas
Lucas Araújo
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