Top 15 quadrinhos lidos em 2018

Mais um ano está acabando e diversos quadrinhos foram lidos neste período. Como já é tradicional aqui no Justiça Geek, elaborei a minha lista de 15 melhores quadrinhos lidos em 2018 (ou talvez um pouco mais rs). Lembrando que nessa lista não haverá apenas quadrinhos lançados esse ano, mas sim os que eu li ou dei prosseguimento à leitura e eles não estão organizados em ordem de preferência. Sem mais enrolações, vamos à lista!

O Sinal – Orlandeli

Eu já mencionei por aqui que considero Orlandeli um dos melhores quadrinistas nacionais em atividade. O cara sempre apresenta um trabalho que traz reflexão ao leitor, seja no emocionante Chico Bento – Arvorada, uma das melhores publicações do selo Graphic MSP, seja no curioso O Sinal, seu mais recente trabalho autoral.

Nesta obra somos apresentados à Afrânio, um homem de meia idade que tem todos os problemas que você pode imaginar. Ele não conseguiu terminar a faculdade de arquitetura, foi traído e abandonado pela mulher, tem que conviver com irmãos que são muito mais bem-sucedidos que ele, trabalha com algo que odeia. Afrânio acredita que a luz não brilhou em sua vida e, por isso, apela à métodos alternativos para que o universo dê um empurrão para que sua vida melhore. Certo dia ele recebe um sinal de que chegou a hora de arriscar um novo passo e mudar sua vida profundamente. Só que, como diversas vezes em nossas vidas, as coisas não saem como esperado.

A partir daí uma sequência de eventos faz com que Afrânio passe a acreditar que uma criatura que habita os seus sonhos sempre o leva a tomar a melhor atitude. O que Afrânio pode não entender é que as respostas que ele procura talvez estejam dentro dele e que nem sempre ele deva confiar nisso.

É impossível se sentir indiferente ao final da leitura e não refletir sobre sua vida e suas escolhas.  Conheça o trabalho de Orlandeli, vale super a pena!

Confira nossa Recomendação da Semana sobre O Sinal!

O Homem Que Passeia – Jiru Taniguchi

Eu não conhecia o trabalho de Jiro Taniguchi, já que ele foi bem pouco publicado por aqui, mas me apaixonei por O Homem Que Passeia desde as primeiras páginas. De maneira bastante suave, porém poderosa, Taniguchi procura trazer tranquilidade ao leitor para que ele veja que até mesmo as pequenas coisas da vida podem fazer uma grande diferença.

O título da obra é bastante explicativo quanto ao seu conteúdo: O Homem Que Passeia contém uma série de histórias curtas nas quais acompanhamos um homem, que não tem seu nome revelado durante a obra, durante alguns passeios, seja ao caminho do trabalho, levando o cachorro para passear ou indo à praia junto com a esposa. Nesses pequenos momentos, o homem enxerga a beleza do mundo ao seu redor, reflete sobre a vida e aprende um pouco mais sobre as pessoas e sobre si mesmo.

Ainda bem que a Devir já anunciou uma nova obra do autor para 2019, A Distant Neighborhood, e tomara que tenhamos cada vez mais lançamentos do autor por aqui (também tivemos o lançamento de Guardiões do Louvre, que infelizmente não passa de uma propaganda refinada, conforme já comentei por aqui), já que Taniguchi merece ser mais conhecido pelos leitores brasileiros.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre O Homem que Passeia!

Sshhhh! – Jason

Um quadrinista deve ter total controle da narrativa gráfica caso pretenda contar uma história sem diálogos. Ainda mais se ele quiser passar algum tipo de mensagem, nem que seja de uma maneira, digamos, peculiar. Esse definitivamente é o caso de Jason com seu Sshhhh!

O quadrinho é uma espécie de coletânea de histórias mudas, sempre protagonizadas por personagens antropomórficos e com temas variados, desde relacionamentos amorosos e paternidade, até a nossa relação com a morte, nossa necessidade de ser notado e a rotina por vezes maçante da vida cotidiana.

Jason apresenta uma narrativa apurada, um desenho simples e competente, com forte influência da linha clara de Hergé (criador do Tintin), e histórias reflexivas, sempre com uma pitada de humor sarcástico. As histórias são divertidíssimas!

Espero que a Mino publique mais Jason por aqui. O cara tem muito a dizer.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Sshhhh!  

A Vida de Jonas – Magno Costa e Marcelo Costa

Em A Vida de Jonas acompanhamos Jonas, um ex- alcoólatra abandonado pela mulher e desempregado lutando para ficar sóbrio e ter a sua tão sonhada segunda chance.

O quadrinho se diferencia do comum ao tratar este assunto utilizando personagens que remetem aos Muppets, algo que traz um interessante contraste para a história. A obra em momento nenhum é infantil, mas ao utilizar esses bonecos fofinhos como personagens, os autores fazem com que o leitor tenha mais facilidade a se afeiçoar a eles, ao mesmo tempo em que a sensibilidade necessária em algumas cenas fica ainda mais evidente.

A Vida de Jonas emociona, faz refletir e apresenta uma história completamente humana contada de maneira bastante peculiar. Um dos grandes exemplares do quadrinho nacional da última década, mostra o talento dos irmãos Costa e me faz querer conferir outros trabalhos deles.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre A Vida de Jonas!

O Soldador Subaquático – Jeff Lemire

Meu primeiro contato com o trabalho de Lemire foi com sua passagem no Arqueiro Verde que, como já mencionei aqui, não achei nada excepcional, ainda mais com todo o hype em cima desta fase. Porém, sempre ouvi falar que Lemire se destaca por seu trabalho autoral e resolvi dar uma chance, começando por Soldador Subaquático. O único arrependimento que tenho é não ter feito isso antes.

Esta HQ conta a história de Jack Joseph, um soldador subaquático (uma das profissões mais bem pagas e mais perigosas do planeta) que atua em uma plataforma de petróleo localizada na costa da Nova Escócia, Canadá. Ele está acostumado com a pressão imposta por este trabalho, mas talvez ele não esteja preparado para pressões impostas da iminente paternidade. Quanto mais fundo ele mergulha, mais distante ele parece estar de sua jovem esposa e de seu filho que está prestes a nascer. Então, uma noite, na solidão das profundezas do gelado solo do oceano, algo inexplicável acontece. Jack tem uma visão misteriosa e sobrenatural que mudará os rumos de sua vida para sempre.

O quadrinho recebeu diversos prêmios e foi considerada a melhor Graphic Novel de 2012, o ano em que foi lançada, por diversos veículos especializados. Este foi o trabalho que me fez ficar interessado por tudo que Jeff Lemire faça, principalmente se for algo mais autoral e recomendo que você faça o mesmo. O cara merece todos os elogios que vem recebendo.

Confira nossa Recomendação da semana sobre O Soldador Subaquático!

Conto de Areia – Jim Henson, Jerry Juhl e Ramon K. Pérez

Eu gosto bastante quando um autor constrói uma obra na qual a interpretação de seus significados fica totalmente a cargo daquele que a está consumindo. É claro que isso exige uma grande habilidade por parte do autor, para que ele não soe prepotente ou incompreensível. Conto de Areia é uma obra que fará o leitor refletir, tornado sua interpretação única para cada um.

Conto de Areia parte de uma premissa aparentemente simples: Um protagonista, que não tem seu nome mencionado (ainda que no roteiro original ele se chame Mac), chega em uma cidade que está festejando uma data especial dedicada ao personagem. Depois de uma breve explicação, o protagonista recebe alguns objetos em uma mochila e um mapa, e com isso tem a missão de atravessar um deserto para chegar ao final de sua jornada. Durante esta aventura ele encontrará diversos desafios e aprenderá um pouco mais sobre si mesmo.

Jim Henson e Jerry Juhl, os gênios por trás de programas como Vila Sésamo e Muppets, têm grandes méritos para a construção da história, mas o trabalho de Rámon K. Pérez em adaptar as ideias dos roteiristas para os quadrinhos deve ser igualmente exaltado. O artista tem uma arte belíssima, com cores quentes e fortes, e uma narrativa impressionante, que utiliza diversos recursos da mídia quadrinhos para transmitir as ideias dos roteiristas originais. Repare em como certas horas o roteiro original vaza para os quadrinhos ou em como ele constrói e desconstrói cenários para expressar as emoções do protagonista. Coisa de gênio.

Confira a nossa resenha de Conto de Areia!

Monstress: Despertar – Marjorie Liu e Sana Takeda

Você deve ter ouvido falar de Monstress em algum momento deste ano, já que a obra foi uma das grandes vencedoras do Prêmio Eisner, o Oscar dos quadrinhos, inclusive nas categorias mais importantes, como Melhor Roteirista e Melhor Série Contínua. Infelizmente, Monstress não foi muito comentado pelos veículos brasileiros (por motivos que eu gostaria de saber), mas a obra justifica todo o hype gerado.

Em Monstress conhecemos um mundo alternativo que mistura fantasia com um clima steampunk e um pouco da cultura europeia e asiática, no qual acompanhamos a história de Maika Halfwolf, uma adolescente que sobrevive à guerra cataclísmica entre os humanos e seus inimigos odiosos, os Arcânicos. A garota deve enfrentar incríveis perigos, tornando-se tanto caça quanto caçadora ao tentar desvendar acontecimentos de seu passado, fugindo daqueles que querem usá-la.

O quadrinho possui um roteiro muito bem estruturado, que exige a completa atenção do leitor, e uma arte de encher os olhos, misturando influências do quadrinho europeu e japonês. Felizmente a editora Pixel confirmou que já está negociando a publicação do segundo volume da série e espero que as vendas sejam ótimas. Faça um favor a si mesmo e leia Monstress.

Confira nossa resenha de Monstress: Despertar!

Black Hammer – Jeff Lemire, Dean Ormston e Dave Stewart

Mais um trabalho de Jeff Lemire entra para a minha lista de melhores do ano. É até compreensível, já que ele é um dos quadrinistas mais prolíficos da atualidade e quase sempre apresenta um alto nível de qualidade em seus trabalhos. Em Black Hammer ele procura homenagear diversos super-heróis em uma história repleta de mistérios.

A sinopse do quadrinho é simples, porém intrigante: os autores exploram percalços na vida de heróis em decadência. No passado, eles salvaram o mundo, mas agora levam vidas medíocres em uma cidade rural fora dos limites do tempo. Não há como fugir, mas Abraham Slam, Menina de Ouro, Coronel Weird, Madame Libélula e Barbalien tentam empregar suas habilidades extraordinárias para se libertar desse incomum purgatório. Obrigados a disfarçar seus poderes, sua natureza e suas origens aos olhos dos habitantes locais, eles personificam uma típica família disfuncional, tentando criar para si uma vida normal.

Lemire mistura uma história de super-heróis com um clima mais intimista, acompanhado pela bela arte de Dean Ormston, que tem uma forte influência de Mike Mignola. Black Hammer foi um dos grandes sucessos desse ano e já teve seus direitos vendidos para adaptações no Cinema e na TV. A editora Intrínseca merece todos os elogios por ter trazido este quadrinho para o Brasil.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Black Hammer!

Blue Note – Os Últimos Dias da Lei Seca – Mathieu Mariolle e Mikaël Bourgouin

Pense no seguinte contexto: Início da década de 1930, os EUA tentam se recuperar da maior crise econômica de sua história até então, ao mesmo tempo que a Lei Seca, que proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoólicas no país, está em vigor. Em meio a um clima de desesperança da sociedade, mafiosos se aproveitam disso para enriquecer com o contrabando de bebidas pelo país, criando uma grande fortuna e poderosa rede de influência, que se espalhou por diversos negócios, como a música e o boxe. E é sob a perspectiva de um boxeador, Jack Doyle, e um músico, o violonista R.J., que acompanhamos a história de Blue Note.

A arte do quadrinho é fantástica e a forma com que o roteiro entrelaça a história dos dois protagonistas é muito impressionante. A Mythos está mandando muito bem com a linha Gold Edition, sempre apresentando materiais de qualidade.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Blue Note!

Superman: Alienígena Americano – Max Landis, Nick Dragotta, Tommy Lee Edwards, Joelle Jones, Jae Lee, Francis Manapul, Jonathan Case e Jock

Em Alienígena Americano temos uma série de sete histórias, cada uma com um artista diferente, na qual Landis explora diversas facetas do Superman. Temos Clark descobrindo seus poderes ainda criança e tendo que lidar com isso junto com seus pais, ele já adolescente e utilizando seus poderes para ajudar a população de Smallville, sua chegada à Metrópolis e como sua atuação como Superman muda a cidade para sempre. Tudo isso lembra bastante a ótima Superman – As Quatro Estações, mas com as histórias sempre sob a perspectiva de Clark Kent.

A sensibilidade com a qual Landis trata o personagem e o que ele significa é notável, seja quando ele está aprendendo a voar, seja quando ele tem que combater uma criatura tão poderosa quanto ele. Você se afeiçoa ao personagem logo de cara, entendendo suas dúvidas sobre o que fazer com suas habilidades especiais e em como isso pode afetar as pessoas ao seu redor. É tudo muito bonito e emocionante ver como o mito que conhecemos hoje foi construído e em como o Superman não é apenas Clark Kent, mas também todas as pessoas que o ajudaram ao longo da jornada, principalmente seus pais e amigos.

Alienígena Americano é um verdadeiro presente para todos os fãs do Superman.

Confira nossa Recomendação da semana sobre Superman: Alienígena Americano!

Rugas – Paco Roca

Rugas com certeza é uma das histórias mais poderosas que li este ano. Ela consegue tocar profundamente o coração do leitor, apresentando um questionamento simples, mas bastante contundente quando falamos sobre relações humanas: E se fosse comigo?

O quadrinho conta a história de Emílio, um ex-executivo bancário que sofre de Alzheimer e é enviado para um asilo por sua família, que já não consegue mais lidar com as dificuldades impostas pela doença. Ao chegar no Asilo, Emílio conhece outros idosos com problemas diversos, como surdez, problemas de mobilidade e depressão. O principal desses personagens é Miguel, que se torna amigo de Emílio e é um senhor que aparentemente está naquele ambiente porque quer, não tem família e vive aplicando certos golpes com os outros moradores do local. Com o andamento da história, vemos que sua condição não é tão simples assim.

A narrativa de Paco Roca é soberba, demonstrando muita criatividade para mostrar os efeitos da doença no personagem principal, em como suas memórias vão desaparecendo. A transição de cenas também é utilizada para demonstrar os efeitos do Alzheimer, ao mostrar o personagem em uma situação do passado, mas que na verdade está acontecendo no presente. A própria representa muito bem a temática do quadrinho.

Espero que tenhamos mais trabalhos desse talentosíssimo quadrinista espanhol publicados por aqui.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Rugas!

O Relatório de Brodeck – Manu Larcenet

Um amigo grande conhecedor de quadrinhos, Pedro Bouça (que é um dos mais renomados tradutores do mercado nacional, responsável por grande parte dos lançamentos de Dredd nos últimos anos e um dos últimos fãs de John Byrne, junto a mim e o ilustre Daniel HDR) disse que ninguém deveria fechar sua lista de melhores do ano sem ler O Relatório de Brodeck. O quadrinho foi lançado recentemente e tive que agilizar a leitura para que tivesse tempo de avaliá-lo e incluí-lo nessa lista caso achasse necessário. Bom, ao finalizar a leitura devo concordar com Pedro, já que este é definitivamente um dos melhores quadrinhos publicados por aqui em 2018.

O quadrinho adapta o romance de mesmo nome escrito por Philippe Claudel, que ainda não foi publicado aqui no Brasil, e conta a história de Brodeck, um habitante de um pequeno vilarejo em meio às montanhas, próximo à fronteira com a Alemanha, num período bem próximo ao fim da Segunda Guerra Mundial. Certo dia ao ir buscar manteiga no armazém do vilarejo, Brodeck descobre um terrível crime, que revela o que há de pior em seus vizinhos. Ele então é incumbido em elaborar um relatório que conte a verdade, ao mesmo tempo que deve inocentá-los de qualquer coisa.

Durante a história conhecemos mais sobre a história de Brodeck e sobre o passado do vilarejo, descobrindo que nem tudo é tão tranquilo quanto parece. O quadrinho questiona o que é ser humano quando tudo é desumano.

Larcenet tem um texto poderoso e sua arte é uma coisa de outro mundo. Sério, eu não consigo nem descrever o que o cara faz, é um uso de luz e nanquim que enche os olhos, um traço sujo e elegante ao mesmo tempo, com belíssimas paisagens.

Uma das obras mais poderosas que eu já li. Pretendo escrever um texto mais detalhado sobre este quadrinho, que deve ser um dos primeiros a serem publicados em 2019, então fique ligado. Mais uma vez, a editora Pipoca e Nanquim merece todos os elogios pela bela curadoria de seus títulos.

Jeremias – Pele – Rafael Calça e Jefferson Costa

É seguro afirmar que o selo Graphic MSP é a iniciativa editorial mais importante dos últimos 10 anos no mercado brasileiro de quadrinhos. Liderado pelo editor Sidney Gusman (figura conhecida do mercado nacional), o selo procura reapresentar os personagens criados por Mauricio de Sousa para um público mais velho, que já não acompanha as revistas mensais da Turma da Mônica. Já foram publicadas histórias com diversos temas Ficção científica com a trilogia do Astronauta, o poder da amizade e uma bela aventura com a trilogia da Turma da Mônica, a finitude da vida Chico Bento – Arvorada etc. Porém, Jeremias – Pele, escrita por Rafael Calça e desenhada por Jefferson Costa, explora um tema que precisa ser discutido e é louvável que uma publicação de grande circulação o faça: O racismo.

O roteirista Rafael Calça é muito competente em construir uma história sensível, mas que ainda assim impacta o leitor nos momentos corretor, nos fazendo refletir sobre o preconceito. Não apenas o racismo é discutido, mas também outras formas de preconceito como o machismo. O autor colocou muito de suas próprias experiências na obra, como ficamos sabendo nos extras, e é triste vermos como esse preconceito racista irracional está presente em nossa sociedade.

Jefferson Costa possui uma arte que se relaciona perfeitamente com o roteiro, trazendo impacto quando necessário, mas também a sensibilidade necessária nas cenas que a exigem. Preste atenção no trabalho de cores dele, é muito interessante como ele as usa para transmitir os sentimentos dos personagens. Um ponto bastante curioso em sua arte é a influência de artistas japoneses, algumas cenas trazem referências que os leitores de mangá com certeza vão perceber.

Jeremias é um quadrinho indispensável, principalmente pelo momento que vivemos.

Confira nossa resenha de Jeremias-Pele!

A Arte de Charlie Chan Hock Chye – Sonny Liew

Quando falamos sobre quadrinhos, logo pensamos no tradicional formato de quadros delimitados por margens e sequenciais, com closes simples nos personagens e nos ambientes. Mas de vez em quando há alguns autores que subvertem esse formato, levando a mídia à lugares pouco explorados e trazendo um frescor muito bem-vindo aos leitores. Sem sombra de dúvidas, Sonny Liew fez isso em A Arte de Charlie Chan Hock Chye.

Neste trabalho Sonny Liew conta a história de Singapura sob a perspectiva de Charlie Chan Hock Chye, um fictício cartunista septuagenário que vem produzindo quadrinhos no país desde 1954, quando tinha apenas 16 anos. Conforme Charlie Chan relembra sua trajetória ficamos sabendo mais sobre todo panorama social e político de Singapura nas últimas cinco décadas e em como isso influenciou seu trabalho.

Que quadrinho espetacular! Sonny Liew teve muito cuidado em construir a história, em mostrar todas as suas influências e em trazer questionamentos muito contundentes ao leitor. Não à toa, o quadrinho recebeu seis indicações ao Prêmio Eisner, faturando três estatuetas nas categorias de Melhor Edição nos EUA de Material Internacional – Ásia, Melhor Roteirista/Artista e Melhor Design de Publicação. Como diria Daniel Lopes, este é um verdadeiro Petardo!

Confira nossa resenha sobre A Arte de Charlie Chan Hock Chye!

Visão – Tom King e Gabriel Walta

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Tom King é um dos mais aclamados roteiristas da atualidade. Seus quadrinhos são frequentes alvos de discussão entre os leitores, seja pela absurda qualidade, seja pelas polemicas (alguém aí disse casamento?). Visão, seu trabalho ao lado do talentoso Gabriel Walta, foi um de seus primeiros quadrinhos a chamar a atenção da mídia especializada, sendo publicado por aqui pela Panini no ano de 2018 em dois volumes. É um trabalho simplesmente espetacular.

Na história o Visão cria uma família para si na tentativa de se tornar mais humano. Eles tentam viver uma vida normal, mas diversos acontecimentos tornam a convivência da família Visão com a humanidade cada vez mais conturbada, ao ponto em que os sintozóides perdem o interesse em se tornarem humanos. E é aí que a história fica cada vez mais estranha.

Há vários elementos de ficção científica na história, mas acredito que o tema principal seja o amor (o que fica bem claro conforme vamos nos aproximando de seu fim), mas não de uma forma piegas. King é um grande contador de histórias, sendo muito sagaz em explorar narrativas bastante peculiares (as narrações do quadrinho são um show a parte) e a arte de Gabriel Walta combina demais com a história, ele sabe exatamente como transformar as ideias de King em desenhos.

Visão também terá um texto próprio ano que vem, mas enquanto isso corra para o ponto de venda mais próximo e adquira seus exemplares. É bom ver que tem gente pensando fora da caixa nas histórias de super-herói atuais.

Blood: Uma História de Sangue – J. M. DeMatteis e Kent Williams

Bom, se você prestou atenção na lista, percebeu que este é o décimo sexto quadrinho, mas seria impossível elaborar uma lista das minhas melhores leituras de 2018 e não colocar Blood: Uma História de Sangue. Eu não esperava muito deste quadrinho e ele me impressionou bastante, se tornando não só uma das melhores leituras deste ano, como de toda minha vida.

Em Blood acompanhamos a história de um bebê, que é encontrado por uma jovem em um rio, pela qual é criado até á idade adulta e deixado em um monastério para receber educação conforme os ensinamentos de Deus. Ao descobrir que eram os homens que escreviam os textos sagrados que regiam sua vida, o jovem se rebela e parte para uma jornada de autoconhecimento pelo mundo. Em seu caminho ele encontra uma tribo de vampiros e transformado em um deles contra sua vontade. Neste momento ele adota a alcunha de Blood e, ao lado de uma das mulheres da tribo, continua sua jornada de aprendizado e transformação.

O quadrinho é pura poesia, seja pelo refinado texto de DeMatteis, seja pela arte pintada e deslumbrante de Kent Williams. Já faz mais de dois meses que o li e ainda penso nele e em seus significados. Em minha opinião, é o melhor lançamento da editora Pipoca e Nanquim neste ano.

Confira nossa resenha de Blood: Uma História de Sangue!

Menções Honrosas

Preciso citar algumas HQs que por razões que não consigo explicar ficaram de fora da lista principal rs. Todas também apresentam alto nível de qualidade.

Cumbe – Marcelo D’Salete

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Uma série de histórias sobre os escravos durante o período do Brasil colonial compõem Cumbe, quadrinho escrito e desenhado por Marcelo D’Salete. A obra nos mostra todo o sofrimento pelo qual os negros passaram neste período e nos ajuda a entender as cicatrizes que existem em nossa sociedade até hoje. Premiado tanto nacionalmente quanto internacionalmente (inclusive no Eisner), Cumbe é um quadrinho que deveria estar em cada escola do país, sendo base para as aulas de história (que infelizmente alguns tendem a ignorar).

Asa Quebrada – Antonio Altarriba e Kim

Um quadrinho que mistura relações pessoais com história. Antonio Altarriba abre seu coração e retrata sua mãe da maneira mais humana possível e, mesmo assim, ela é uma figura forte e marcante. Se você procura uma história que fuja do comum, esta é com certeza uma boa pedida.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Asa Quebrada!

James Bond 007: VARGR – Warren Ellis e Jason Masters

Uma das histórias mais legais que eu já vi do agente secreto mais conhecido do mundo, inclusive superando alguns filmes. Warren Ellis coloca a licença para matar de James Bond a prova e Jason Masters apresenta uma arte bastante inventiva, com sacadas narrativas impressionante, pouco vistas na indústria mainstream (gostaria de ver mais trabalhos dele publicados por aqui). Um grande acerto da Mythos e uma pena que os resultados das vendas não tenham sido satisfatórios, segundo o editor Júlio Oliveira, e dificilmente teremos a continuação publicada por aqui.

Confira nossa resenha de James Bond 007: VARGR

Mundo Gavião – Timothy Truman

Uma história que foge bastante do que estamos acostumados a ver no que tange aos quadrinhos de super-heróis. Mundo Gavião mistura política, religião, violência policial e vários problemas sociais de maneira bastante competente, além de uma arte que é sombria, mas elegante. Esse material precisa ser republicado urgentemente por aqui.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Mundo Gavião!

Demolidor – Brian Michael Bendis e Alex Maleev

Uma das melhores fases do Demolidor já publicadas pela Marvel e um dos trabalhos mais bem escritos publicados pela editora na última década. Num ritmo de série de tv da HBO, Bendis conturba a vida de Matt Murdock a ponto de que ele acaba parando na prisão, chegando ao fundo do poço. Sensacional!

Confira a resenha dessa fase completa!

Gideon Falls – Jeff Lemire e Andrea Sorrentino

A primeira incursão de Jeff Lemire pelo gênero terror é bastante interessante. Com uma história que parece ter bastante influência de True Detective, Lemire apresenta diversos mistérios que instigam o leitor a prosseguir na leitura. A arte de Andrea Sorrentino complementa a história, ainda que peque um pouco pelo excesso de fotorrealismo. A editora Mino merece os parabéns por ter publicado o encadernado simultaneamente com os EUA.

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Gideon Falls!

Justiceiro – No Princípio – Garth Ennis, Darick Robertson, Lewis Larosa e Leandro Fernández

Vou definir esta fase do Justiceiro em uma simples frase: É uma das melhores coisas que a Marvel já publicou em toda sua história. Sério, pare o que está fazendo e comece a ler este quadrinho.

Confira nossa resenha de Justiceiro – No Princípio

Quadros – Mike Deodato

Você deve conhecer Mike Deodato por seus trabalhos na Marvel e na DC, sendo um dos artistas mais populares dessa vertente de quadrinhos na atualidade. Mas em Quadros, vemos um Deodato diferente, que também é roteirista e está disposto em arriscar, com histórias seguindo formatos bastante incomuns. Se você é fã de Mike Deodato, assim como eu, Quadros é um trabalho indispensável

Confira nossa Recomendação da Semana sobre Quadros!

Fullmetal Alchemist – Hiromi Arakawa

A saga dos irmãos Elric é um dos melhores mangás shonen que eu já li, pois vai muito além das lutas tão tradicionais nesse gênero. Tem filosofia, lições sobre amizade e uma história que emociona em diversos momentos. Se você é fã desse tipo de história não perca tempo e acompanhe esta excelente narrativa.

We3 – Grant Morrison e Frank Quitely

We3 é definitivamente um dos melhores trabalhos de Morrison, não apenas por sua história (que é de tocar o coração), mas também pelos diversos experimentos narrativos que ele se propôs a fazer, algo que eu nunca tinha visto. A arte de Frank Quitely, um de meus artistas favoritos, é espetacular, conseguindo traduzir as ideias de Morrison nas páginas, utilizando uma espécie de narrativa 3D que deixa o leitor boquiaberto. Espetacular!

Confira nossa Recomendação da Semana sobre We3!

Um Pedaço de Madeira e Aço – Christophe Chabouté

Chabouté se tornou um de meus artistas favoritos quando tive contato com seu trabalho no ano passado, com a estupenda adaptação de Moby Dick para os quadrinhos, publicada pela galera do Pipoca e Nanquim. Com Um Pedaço de Madeira e Aço, uma bela história sobre a vida sob a perspectiva de um banco de praça (sim é isso mesmo), ele se consolidou ainda mais entre as minhas preferências de quadrinistas. Eu lerei qualquer coisa que esse cara publicar e fico feliz que a editora Pipoca e Nanquim já anunciou que pretende publicar ao menos uma obra do autor por ano. Estou ansioso pelas próximas.

Confira nossa resenha de Um Pedaço de Madeira e Aço!

Senhor Milagre – Tom King e Mitch Gerards

Este quadrinho já constava na minha lista do ano passado, como uma das grandes estreias do ano. A série foi concluída em 2018 e agradeço a Tom King e Mitch Gerards pela belíssima experiência e a bela homenagem ao legado de Jack Kirby. O final é um pouquinho frustrante, mas não estraga a jornada. Aproveite que a Panini acabou de publicar o primeiro volume da série, que deve chegar em breve nas bancas de jornal e livrarias.

Finalmente chegamos ao fim deste top 15 (que na verdade é um top 28 rs) de melhores leituras do ano de 2018. Este foi um ano ótimo para mim no que tange a qualidade dos quadrinhos lidos (vide a dificuldade em fechar esta lista) e espero que 2019 seja ainda melhor. E você, quais foram suas melhores leituras em 2018? Tem alguma coisa em comum com a minha lista? Deixa aí nos comentários, vamos trocar recomendações. Sempre descobrimos algo novo nesse tipo de discussão.

Lembrando que agora o Justiça Geek entrará de férias (afinal merecemos né? rs) e voltará com força total em fevereiro do ano que vem. Obrigado por nos acompanhar neste ano e esperamos vê-los no ano que vem. Um feliz 2019 e até lá!

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Top 15 2018

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Lucas Araújo

Programador, estudante de TI e co-fundador do Justiça Geek. Fanático por quadrinhos, aficionado por filmes e séries, leitor faminto, gamer esporádico e músico (muito) frustrado. Gosta de falar sobre tudo isso em seu tempo livre(ou até mesmo quando não está tão livre...), debatendo questões essenciais para a humanidade como quem vence um crossover entre super- heróis, qual é seu escritor favorito e se um filme foi bem feito.